Das janelas de vidro do último andar do Hotel Radisson, da Avenida Cidade Jardim, é possível ver a agitação das ruas de uma tarde tipicamente paulistana. No exato contraponto, Sandy, 30 anos, chega serena para conversar com o CORREIO sobre o novo – e segundo – trabalho da carreira solo, Sim (Universal).
“Vou ficar aqui mais pertinho de você”, diz ela, sorridente, ao puxar uma poltrona para falar sobre o momento que julga como o mais seguro da carreira.
O álbum pop romântico, bem produzido, apresenta dez composições com letras muito confessionais: “Eu estou em todas as músicas”, afirma. São sonhos, frustrações e afirmações de uma artista que, com 23 anos de carreira, se vê mais madura e decidida.
Parceiro
Se no primeiro álbum solo, Manuscrito (2010), ela entregou ao irmão Junior Lima a direção artística, agora Sandy assumiu a posição e consolidou o marido Lucas Lima como seu grande parceiro profissional. Além de assinar a produção musical ao lado do inglês Jason Tarver, ele é coautor de quase todas as faixas do disco.
Algumas dessas composições já são conhecidas dos fãs, como Aquela dos 30 e Escolho Você. Assim como elas, outras três faixas tiveram pré-lançamento digital no final de 2012 através do EP Princípios, Meios e Fins. A nova turnê viaja por todo Brasil desde abril e chega a Salvador no segundo semestre, ainda sem data definida. A seguir, confira a entrevista.
O que mudou do último álbum para este novo trabalho?
Eu. (risos) Estou num momento diferente. Ainda estava me encontrando como pessoa e como artista e isso acabou refletindo na minha música. Agora já se passaram três anos da minha carreira solo. Essa vivência e experiência traz mais segurança e perseverança. Estou num momento mais maduro e, com isso, o clima ficou diferente.
Então Sim é autobiográfico?
O trabalho sempre reflete o que sou e estou sentindo no momento. Todas as músicas são autobiográficas, umas mais, outras menos, mas eu estou em todas as músicas. As que são mais minha cara nesse trabalho são Aquela dos 30 e Escolho Você. A música título do CD é também muito especial para mim. Acho o nome muito forte, positivo e carregado de sentido. Reflete o momento que estou vivendo. Eu me dedico bastante, demoro pra preparar um disco, eu cuido muito, com muito carinho. Eu estou muito satisfeita com meu trabalho, com o que eu fiz. A vontade é que corresponda à expectativa dos fãs.
Você sente mais segura hoje ou ainda pressionada por estar no início de uma carreira solo?
É o segundo disco e eu acho melhor. O primeiro tem aquela coisa boa do novo, mas tem uma ansiedade que não é tão boa, de não saber se vai dar certo. Tudo que eu tinha que descobrir, eu descobri. Hoje sei quem eu sou como artista, meu som e a carreira que segui. Estou mais tranquila e encontrei meu lugar. Estou num momento mais seguro e amadurecido da minha carreira.
Como você se define musicalmente?
Não sei dizer em palavras, até para não limitar, mas eu acho que sou uma artista muito verdadeira comigo mesma. Um som que eu curto e que sei fazer. Eu me divirto muito com o que faço. Faço para o público, mas também para mim, porque eu me divirto com o que eu estou fazendo.
Você fala em não querer se rotular, que é exatamente o que sempre fizeram com sua vida pessoal e profissional. Você se incomoda com isso?
Já me irritou uma época, mas agora tem menos assédio e definições como princesinha e tal. As pessoas já perceberam que eu amadureci. Já passou da hora também, né? Eu tenho 30 anos! Tinha sensação que sempre estavam buscando um deslize meu, mas as pessoas foram se acalmando e perceberam que eu sou uma pessoa reservada. Os paparazzi não são tão chatos comigo.
Agora seu nome está circulando novamente na imprensa com boatos de uma possível gravidez. Qual o seu posicionamento e de seu marido para assuntos tão pessoais assim?
Eu e ele decidimos há mais de um ano não falar sobre boatos de gravidez. Desisti porque não quero mais dar pano pra manga. Mas sim, penso em ter filhos. A idade é uma coisa que às vezes conta e tenho também cinco anos de casada. É natural querer. Mas estamos indo com cada coisa no seu tempo. Uma hora chega.
O seu marido, Lucas Lima, está novamente em seu disco como produtor musical e coautor de quase todas as faixas. Como é o caminho inverso, quando o trabalho se mistura com a vida pessoal?
Ele já era um dos meus produtores musicais no álbum Manuscrito e agora continua sendo meu parceiro. Isso é uma coisa que eu tive que aprender por trabalhar a vida inteira em família. A gente teve que colocar limite para não falar o tempo inteiro de trabalho em casa. Com minha família, eu já tinha aprendido a colocar esses limites. O Lucas, a mesma coisa com a família dele. A gente já se casou sabendo desses limites importantes para evitar não sermos workaholic.
O que você mais sente falta da época em que cantava com o irmão?
Da presença dele no palco, de dividir as alegrias e também as dificuldades. É bom ter um cúmplice para essas coisas todas…
Acontece de vocês escutarem juntos o que faziam?
Temos momentos de saudosismo. Passa seis meses, um ano, rola escutar o que a gente fazia. Era muito divertido. A gente já fez isso junto, de colocar toda a discografia de Sandy e Junior. Mas eu tenho consciência de que meu lugar hoje é esse. O que eu vivi com Sandy e Junior foi maravilhoso e apropriado para aquele momento. Estava feliz e realizada naquela época com o que fazia, só que hoje é esse tipo de música, carreira e tamanho de artista que sou que me realiza. Às vezes, lembro dos shows na madrugada e lembro como era cansativo. Não sei como dei conta de tudo isso, pois fazia carreira internacional, gravava seriado, participava de filme, novela, CDs. Era uma loucura e eu estava felicíssima, mas hoje eu já não queria mais viver daquela maneira.
Te atrai ainda atuar em novelas, séries e filmes?
Eu tenho muita vontade de atuar. Gosto muito de atuar, mas novela acho mais difícil porque exige muita dedicação. Para convites casuais como foi em As Brasileiras ou um filme, com certeza eu vou querer fazer.