Pela primeira vez em Belo Horizonte, o tenor italiano Andrea Bocelli se apresentou para um público de aproximadamente 90 mil pessoas, segundo a organização, na Praça da Estação, no centro da capital mineira. O espetáculo, que teve ingressos distribuídos gratuitamente, fez parte do Momento Itália Brasil (MIB), conjunto de eventos que celebrarão, entre outubro deste ano e junho de 2012, as relações entre os dois países.
O cantor, um dos artistas internacionais recordistas de vendas no Brasil e considerado uma das vozes mais belas do planeta, fez um show mesclando as duas faces de sua carreira: o lado clássico/erudito e o popular. A escolha de Belo Horizonte como palco da apresentação única de Bocelli no país agradou aos mineiros. Vicente de Paulo Mendonça, operador de caixa de 31 anos, chegou ao local às 14h. “Geralmente, os artistas fazem shows desse porte e gratuitos em São Paulo, ou Copacabana (no Rio de Janeiro). Ele tocar aqui apenas aumentou minha admiracao”, disse.
Às 19h10, depois de uma mensagem de apresentação de Bocelli em um dos telões, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, regida pelo maestro Eugene Kohn e acompanhada do Coral Lírico de Minas Gerais, começou o programa com “Triumph chorusi” da ópera Aida de Verdi. Na sequência, de mãos dadas com Kohn, Andrea entrou no palco, ovacionado pelo público, e cantou “La mia letizia infondere” de “I Lombardi”, de Verdi. O programa seguiu ainda com aplausos entusiásticos para “La donna e’mobile”, da obra “Rigoletto”.
A primeira convidada da noite, a soprano cubana Maria Aleida, subiu ao palco para cantar a ópera “Romeu e Julieta”, de Gounod. Belíssima foi sua participação solo em “Je veux vivre”, que teve seu final muito aplaudido pelo público. Andrea voltou ao palco para cantar “Ah, leve-toi, soléil”, e Aleida retornou em cena para um dueto em “Va… Nuit d’hyménée”. Com “Brindisi”, eles voltaram a Verdi, desta vez uma peça da ópera “La Traviatta”, identificada facilmente pelo público logo na introdução, encerrando a primeira parte do show.
Pop ao lado de Sandy
Depois de uma pausa de 15 minutos, a segunda parte do programa recomeçou com a Orquestra tocando sozinha a “overture” da ópera: “O Guarani”, de Carlos Gomes, que recebeu do público apausos e gritos de “Brasil”. Bocelli voltou para “Voglio vivere cosi”, de “Incanto”, de D’Anzi. Mas o que levou o público ao deírio foi a conhecedíssima “Funiculi, funicula”, em que Andrea cantou acompanhado por palmas ritmadas e gritos intusiásticos de “bravo!”.
Entre estes, estava a nadadora Tainara Ferreira Alves, de 22 anos. Como Bocelli, ela também é portadora de deficiência visual e considera o tenor “um exemplo de pessoa que venceu barreiras, uma inspiração”. Fã desde pequena, estava emocionada de poder escutar o ídolo pela primeira vez ao vivo. Ela também prefere o lado clássico do italiano: “É seu diferencial, junto a voz maravilhosa”.
Mas muitos estavam lá também para ouvir o lado pop do tenor, que se iniciou no show com “L’appuntamento”, sua versão para “Sentado A Beira do Caminho”, de Roberto Carlos. Cantando o refrão no original, em português, levou o público ao delírio. A temperatura aumentou com a primeira aparição de Sandy para um dueto em “Canto della Terra”, antes do encerramento do programa oficial –quando Bocelli, Sandy e a cubana receberam flores e saíram do palco.
O esperado bis, que concentraria o lado pop do tenor, começou com “I Can’t Help Falling In Love With You”, do repertório de Elvis Presley, cantado em dueto com Sandy. Em seguida, a primeira nota do piano foi suficiente para o povo reconhecer “Vivo Por Ella”, dueto dos dois que fez bastante sucesso no Brasil.
Mas o momento mais emocionante e esperado pelo público, foi a execução de “Con Té Partiró”, com Aleida de volta ao palco e a participação do coral do programa social Árvore da Vida, de Betim (região metropolitana de Belo Horizonte), aplaudido de pé por toda a plateia. Em aproximadamente duas horas, Bocelli mostrou que a música clássica pode ter apelo popular, se comunicar com a música pop e satisfazer milhares de espectadores.