Sandy

Rio – Sandy cresceu. Nas lojas na sexta-feira, seu primeiro disco solo, ‘Manuscrito’, reflete esse crescimento sem romper efetivamente com o passado musical da cantora e compositora. Em vez de buscar outros mundos e parcerias, Sandy parece ter se refugiado em seu universo particular, compondo e gravando com o irmão Junior Lima e com o marido, Lucas Lima, parceiro da mulher em 10 das 13 faixas.

‘Dentro do quarto’

Mesmo a única faixa composta e gravada fora do mundo de Sandy — ‘Dias Iguais’, balada urdida ao piano e cantada com a britânica Nerina Pallot — não dá o salto estilístico que seria esperado. Ainda assim, é justo reconhecer que, dentro de seu estilo confessional e autoral, o CD ‘Manuscrito’ tem seu valor. Todo o acabamento instrumental é elegante — mérito de Junior e Lucas Lima, produtores do álbum.

Em essência, o repertório solo de Sandy é formado por baladas que, por vezes, tendem para o folk — como ‘Dedilhada’. Se ‘Quem Eu Sou’ tangencia o universo do rock, com batida pop, ‘Esconderijo’ esboça clima mais denso e introspectivo para falar de um garoto trancado em seu próprio mundo interior. Talvez, de certo modo, esse garoto seja a própria Sandy.

Que poderia ter saído de seu ‘quarto’ em busca de colaborações que pudessem delinear um som mais original para sua carreira solo. Afinal, ‘Manuscrito’ soa quase como um prosseguimento dos álbuns mais ‘adultos’ da dupla Sandy & Junior. Ainda que os avanços sejam muitos nesse sentido.

‘Pés Cansados’, faixa escolhida como ‘single’, já sinaliza alguma (real) maturidade. Tivesse sido composto com diversidade de parceiros, talvez o repertório de ‘Manuscrito’ não evidenciasse certa falta de fôlego, evidente na segunda metade deste CD coerente com o mundo de Sandy.