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“Agora, todo o meu trabalho é assim: a artista que eu sou e quero mostrar”, assume Sandy, em entrevista a O FLUMINENSE, sobre a fase que está vivendo em sua vida profissional. A cantora, que faz um show neste domingo no Vivo Rio, está lançando por todo Brasil o CD Sim e a turnê do disco. Sandy ainda falou sobre o filme que gravou no ano passado ao lado de Antônio Fagundes, Quando eu era vivo – um suspense dramático, onde ela interpreta uma estudante de música -, e o quanto se sente feliz ao colocar para fora o seu lado “atriz”. Entre os assuntos do bate-papo estão a saudade que a cantora sente da convivência com o irmão, a carreira pública de 23 anos, a maturidade aos 30 e a satisfação do trabalho que é totalmente seu, o que fica claro no comentário “Eu gosto do tamanho que sou hoje”.

Depois da turnê “Manuscrito”, do seu primeiro álbum solo, você volta aos palcos com a nova turnê “Sim”, do disco que será lançado mês que vem. Quais as diferenças mais marcantes entre um disco e o outro?

Eu acho que no Manuscrito eu estava em uma fase muito peculiar da minha vida e da minha carreira. Estava recomeçando depois de 17 anos de carreira com meu irmão e dois anos parada, então estava me encontrando como artista naquele momento, era um momento de muita busca, de entender quem eu sou, de olhar para dentro. Agora, eu entendi muita coisa, e isso muda bastante a maneira de compor músicas e de olhar a vida. É um disco menos introspectivo, mais alegre, mais para fora. Eu estou numa fase mais segura, sei quem eu sou como artista e isso se reflete na maneira de compor e tudo mais.

Você é do tipo de artista que põe a mão na massa e gosta de participar de todo o projeto de criação. Qual conceito criou para o disco “Sim”?

Eu gosto de pôr a mão em tudo mesmo, desde compor as músicas até resolver a tipologia que vai na capa do CD. Gosto de escolher tudo: fotógrafos e todos os profissionais que vão trabalhar comigo. Acabo trabalhando mais, mas a satisfação é maior no final. Eu não sei se eu posso dizer isso, mas eu gosto de ver as coisas acontecerem, de ver o rumo que a coisas vão tomar. Acho que é uma fase mais madura, mais segura, e isso se reflete em tudo: no disco, no show, nas músicas.

Como a inspiração vem na hora de compor?

Ela simplesmente vem e a gente tem que dar vazão na hora em que ela quer. Muitas vezes vem à noite, de madrugada, no banho, conversando com alguém. Eu trabalho mesmo com a inspiração, embora às vezes saia na pressão, no estúdio, quando estou gravando algo. Mas pode vir de muitas coisas e situações: de músicas, de filmes, de momentos especiais, de histórias de outras pessoas e da minha própria.

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Para você, cada novo CD soa como um filho? Você se envolve muito emocionalmente na fase de estúdio?

É como se fosse um filho mesmo. A gente trabalha tanto nessa fase de produzir um disco que, quando fica pronto, a sensação é a mesma. A gente coloca tanto carinho, tanta dedicação, gera, cuida com toda atenção. Eu acabo abrindo mão de algumas coisas do meu dia a dia, um pouco mais supérfluas, como ginástica, acupuntura, meditação. Preciso de algumas formas de relaxamento. Por dentro sou uma pilha de nervos.

Estou passando por muito estresse com o lançamento da turnê e do disco ao mesmo tempo. Mas eu aprendi a trabalhar no meu ritmo. Não me anulo mais como pessoa para priorizar a profissional que sou e a minha carreira. Não gosto mais do ritmo corrido. Procuro evitar, nem sempre a gente consegue agir como planeja, mas faço o possível para que eu possa ficar feliz com o meu trabalho e mais tranquila.

Romi Atarashi assina a direção geral do show e Lucas Lima continua com a direção musical. Fale um pouco sobre essas parcerias.

Desde o Manuscrito trabalho com Lucas e essa parceria tem dado bons frutos, e por isso não abro mão. (risos) Ele está sempre ao meu lado e eu não queria que fosse diferente. Eu já havia trabalhado com a Romi no Acústico, em 2007, e, dessa vez, acabou me dando esse estalo. Lembrei do perfil dela e do jeito dela de trabalhar, de como eu havia gostado, e ela aceitou prontamente o convite.

Você já tem uma carreira solo consagrada, mas, em algum momento da rotina, você sente falta da companhia do seu irmão?

Na minha vida pessoal principalmente. Na carreira, a gente acaba se acostumando. Mas, no começo, eu estranhei a falta dele no palco. Aos poucos, fui me adaptando com “ser uma artista solo”. Ele está em São Paulo e eu em Campinas. É muito difícil me habituar com a falta que ele faz na minha rotina. Gostaria que pudéssemos nos ver todos os dias, isso seria o ideal para mim. O bom de quando a gente se encontra é que o tempo junto é de muita qualidade.

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No show, você vai cantar duas músicas da época da dupla. Os fãs ainda pedem muito por elas?

Em quase todos os shows eles puxam alguma música. Eu sempre canto. Gosto de ver esse carinho que eles têm comigo, com meu irmão e com a nossa antiga dupla.

Agora com 30 anos, você sentiu que alguma coisa mudou profissionalmente ou pessoalmente ou é apenas uma idade marcante?

Eu não acho que tenha mudado quase nada. É mais a maneira como as pessoas encaram a gente. Você não é mais uma mocinha, você é uma pessoa adulta, com mais responsabilidade. Eu me sinto com 30 anos, achei que fosse demorar mais para chegar, mas já me apropriei da idade.

A dupla tinha uma “pegada” mais comercial, para vender discos e fazer grandes shows. Esse, agora, é o momento mais sincero da sua carreira?

É diferente do que era na dupla, porque a gente tinha uma preocupação de agradar o público, agradar a gravadora, mas foi algo que aconteceu naturalmente, foi um caminho que foi sendo trilhado com o tempo, mas, aos poucos, fomos fazendo o que estávamos a fim de fazer. Numa fase mais madura da dupla, a gente já compunha mais. Mesmo nesse momento, eu ainda me sentia na obrigação de corresponder aos gostos dos outros. Na dupla, nunca teria um trabalho 100% meu, que fosse a minha cara. Mas, agora, todo o meu trabalho é assim: a artista que eu sou e quero mostrar. Isso é muito bom!

Você conheceu o sucesso e a fama em outro estilo e proporções. Como você lida com essa diferença?

Lido bem, porque agora estou fazendo algo que é totalmente meu. A satisfação é fazer esse trabalho extremamente autêntico. Eu não senti dificuldade nenhuma com isso, não me importo de vender menos discos e fazer shows para duas mil pessoas. Eu gosto do tamanho que sou hoje. Não tenho compromisso de crescer. Quem quiser ser meu público será bem-vindo, quem não quiser assistir meus shows, não tem problema. Quando eu decidi pela carreira solo, imaginei que isso ia acontecer. Foi tranquilo demais passar por isso.

Em que cenário musical você acha que se encaixa atualmente?

Não dá para me encaixar muito em MPB. Acho que sou uma artista pop, um pouco mais alternativa que antes. Mas, não gosto muito de rotular as coisas.

Como atriz você atuou em “Quando eu era vivo”, que rodou no ano passado ao lado de Antônio Fagundes e Marat Descartes, com estreia esse ano. Como foi a experiência? Dá para adiantar alguma coisa sobre o filme?

Foi sensacional! Adoro atuar, é um lado meu que fica adormecido, mas fico muito feliz quando isso acontece. Foi interessante, um desafio diferente. A história do livro A arte de produzir efeito sem causa, de Lourenço Mutarelli, em que o filme é baseado, é bem bacana. Li antes de gravar. A personagem, com certeza, me fez crescer e foi uma experiência muito legal. Ela é uma estudante de música no filme e, no livro, estudante de artes plásticas.

O público e a mídia te pressionavam muito para o casamento. Agora, a pressão mudou para o filho. Como você se sente com essas situações de quem tem a vida pública?

Eu estou bem acostumada, há muito tempo lido com isso (risos). São 23 anos de carreira. Mas, tento sempre preservar um pouco da minha vida pessoal, isso facilita as coisas. As pessoas acabaram se acostumando com o meu jeito. Acho natural a curiosidade. As pessoas não separam a nossa vida profissional da pessoal.

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