Para alegria dos fãs, Sandy se apresenta em Bauru no próximo dia 23, um sábado, no Espaço Bauru, com seu show “Manuscrito”. Os ingressos já estão à venda e a procura é grande. E para esquentar o terreno, a cantora bateu um bom papo com a coluna. Com voz de menina e papo de gente grande, Sandy é fina, simpática e inteligente. Foi ela mesma quem pegou o telefone e ligou para a redação do BOM DIA, sem o intermédio de uma assessora. Ela, que já nasceu artista, tem pós-graduação em relações com a mídia e conta nesta entrevista que com paciência aprendeu a lidar com tantos boatos que rondam sua vida. A irmã do Júnior também falou sobre sua ligação com Bauru, onde a avó Mariazinha nasceu e cresceu. Confira o que mais ela contou:
Qual é a sua relação com o manuscrito? Por que preferir o lápis e à caneta a um computador? Você tem uma relação sentimental com o papel aí?
Sandy – Não sei, é um jeito meio purista mesmo. É um costume de anos. Foi assim que eu comecei a escrever e já faz parte do meu processo de criação, virou um ritualzinho. Não é porque eu seja contra tecnologia, nada disso, mas eu costumo dizer que eu sou uma pessoa mais analógica.
Mas e para gravar e testar alguma em casa?
Sandy – Eu uso o celular sempre para gravar a melodia, naquelas coisas de voice mesmo, para não esquecer. Mas não faço isso no computador não. Eu e o Lucas [Lima, marido dela] temos um estúdio em casa, onde a gente trabalha fazendo trilhas, publicidades, filmes etc. Aí, a gente faz a nossa demo lá e já fica uma coisa semi-semi-profissional. É ele quem faz tudo. Ele é quem opera e eu só canto.
Como que a sua formação em letras [pela PUC Campinas] modificou seu trabalho como compositora?
Sandy – Eu me tornei bem mais exigente na hora de me autocriticar. Então, hoje eu demoro muito mais para escrever as músicas, mas acho que tenho mais elementos para isso, mais técnica. Sei analisar melhor aquilo que estou escrevendo.
E já entrando no campo da literatura, você começa a gravar em agosto filme baseado no livro “A Arte de Produzir Efeito Sem Causa”, de Lourenço Mutarelli [autor também de “Cheiro do Ralo”, entre outros]. Vocês já se conheceram?
Sandy – Não, aliás, nunca nem tinha lido qualquer um dos seus livros. Fui conhecer agora que comecei a ler o que inspira o filme e estou gostando muito. Achei o estilo dele muito bacana.
E como está sendo a resposta do público em geral em relação a isso, afinal, vocês fazem parte de universos bem diferentes dentro da cultura brasileira?
Sandy – Meus fãs estão empolgadíssimos. Mas eu acho que eles também não conhecem muito o trabalho do Mutarelli, então, não têm como fazer esta relação de saber se eu tenho alguma coisa a ver com ele e tal. Mas acho que as pessoas vão acabar se surpreendendo, porque eu penso que esperam que eu atue em filmes mais blockbusters, em uma coisa mais mainstream, mas na verdade o Mutarelli não é. Ele tem uma literatura mais densa, um estilo mais alternativo. E o diretor, o Marco Dutra, também tem esta pegada e ele gosta bastante de thriller e drama.
Vai ter de fazer alguma mudança no visual para o filme?
Sandy – Ainda não sei. Não posso fazer uma mudança muito radical porque tenho a minha carreira de cantora. E acho que a personagem não pede nada radical. Vai ser tranquilo, talvez tenha uma mudancinha pequena. A gente começa a trabalhar esses pontos só em julho.
Faz 10 anos que você veio apresentar um show em Bauru…
Sandy – … Nossa, já faz 10 anos!? Tenho duas lembranças. Uma de um hotel que era um chalezinho e de uma vez que eu estava andando pela rua, pensando na minha avó materna que nasceu aí, tentando adivinhar coisas como em que rua será que ela nasceu. Minha avó, a Mariazinha, foi quem gravou originalmente, com o meu avô [Zé do Rancho], a música “Maria Chiquinha”.
Como você consegue lidar com toda essa atenção da mídia e do público? Por exemplo, bombou na internet, no começo de maio, um boato de que você estava grávida, onde tinha gente afirmando que isso era verdade com toda a certeza do mundo.
Sandy – Quando as pessoas dão notícias sobre minha vida pessoal é com uma certeza que eu não sei de onde eles tiram. E para ter “credibilidade” é sempre assim: “Temos a informação de uma fonte segura, de uma pessoa próxima à família que falou sei lá o que”, mas ninguém revela nome, ou seja, vai saber quem foi que inventou. Mas desde que começaram a surgir muitos boatos de gravidez, a partir do quarto, parei de comentar, porque se fico comentando dou mais pano pra manga. Prefiro não dar muita atenção pra isso. Acho que as pessoas podiam esperar saber da minha boca antes de tirarem conclusões. Mas os boatos são parte da minha vida há muito tempo. Tem coisas que são mais fáceis de lidar, outras já são mais difíceis. Tenho de ter muita calma e paciência e isso fui aprendendo ao longo da carreira.
Fã de carteirinha
A coluna convidou um fã profissional da Sandy para também entrevistá-la. André Sandeiro – que na verdade se chama André Luis de Souza Oliveira e o nome fantasia vem justamente pela adoração à cantora – é um dos presidentes do site www.agentedacerto.com.br, com 10 anos de existência. Trata-se do site não oficial mais acessado sobre a cantora e que conta com mais de 3 mil sócios. André é mesmo doido pela Sandy. “Minha paixão pela Sandy começou em 1998, quando fui ao show da turnê ‘Eu Acho Que Pirei’, e desde então faz 15 anos que acompanho a carreira da cantora.”
A artista foi sua inspiração também para a profissão que escolheu de designer, porque foi fazendo o fã site que ele começou a aprender o ofício. “Na produção de Bauru, realizei um sonho que era trabalhar nos cartazes do show ‘Manuscrito’”, conta ele, que é o responsável pelo material gráfico local.
Nos últimos dois anos, ele já viu o show “Manuscrito” dez vezes, a maioria em São Paulo. Comprou mais de 2 mil revistas com a Sandy na capa e todos os LPs, CDs e DVDs lançados. Confira a entrevista feita por ele:
André – Após o “Manuscrito” e “Manuscrito Ao Vivo”, você já tem planos para o lançamento de um novo álbum esse ano?
Sandy – Estou começando a trabalhar agora em um novo projeto de inéditas, mas não posso adiantar nada. E vou trabalhar como foi com o “Manuscrito”, com calma, aos poucos.
Pretende lançar CD/DVD do projeto “Circuito Cultural” em que você canta músicas do Michael Jackson?
Sandy – Na verdade, não tenho como agir a sozinha nisso, porque não sou dona deste projeto. Eu fui convidada para participar, com o Lulu Santos e Maria Bethânia. O show fez bastante sucesso e vão retomar a turnê agora em agosto. Agora, se a produtora tiver a iniciativa de fazer alguma gravação, eu vou achar o máximo.
Você acessa sites de fãs para saber o que estão falando sobre você? Nosso site e fã-clube acaba de completar 10 anos no ar.
Sandy – Eu acompanho mais pelo Twitter. Inclusive, no “A Gente Dá Certo”, porque sempre publica as minhas aparições na TV, as fotos que saíram, os episódios que reprisam da série “Sandy & Junior, no canal Viva. De vez em quando, quando me passam um link eu acabo entrando em um blog ou página de fã. Eu acho que os fãs fazem um trabalho lindo e o “AGDC” também.
Se pudesse voltar no tempo, qual fase da carreira gostaria de reviver?
Sandy – Difícil. É uma carreira com a qual eu me realizei e me sinto muito feliz. Acho que a fase mais recente, a partir de 2005/2006, é um período que eu curto mais porque está mais próxima ao que eu sou hoje, que ainda tem a ver comigo.
Você provou pra muita gente o oposto da imagem que tinham a seu respeito. Você sentiu alguma diferença do público neste aspecto?
Sandy – Senti, na verdade eu não faço muito esforço para isso. Não fico pensando “ai, eu preciso mudar a imagem que as pessoas têm de mim”. Acho que isso é um movimento natural. Eu percebo que os fãs estão prontos para me enxergar como eu sou.