Sou fã da Sandy. Fã e nada mais. Não gosto da palavra, mas é assim que me defino; sua origem remete ao fanatismo que, de acordo com o Aurélio, possui dois significados: “paixão cega que leva alguém a excessos em favor de uma religião, doutrina, partido, etc” e “dedicação excessiva”. Não me enquadro em nenhum dos casos, mas mesmo assim sei que sou fã. Afinal de contas, o que é ser fã?
Analisando o segundo significado, não faz sentido quando inserido na minha realidade. Não acredito que meu empenho tenha sido exagerado. Essa adoração sempre existiu em mim, mas em segundo plano: fazia parte da minha vida, mas nunca a conduziu. Também não me encaixo na outra definição. Nunca fechei meus olhos para não as falhas, assim como nunca segurei minha língua na hora de criticar. Não critico por não gostar; a situação é exatamente a contrária: faço por gostar demais. Por saber do potencial dela e por não abrir mão daquilo que sempre me fez sorrir.
Há quem diga que sou menos fã por não aceitar algumas coisas como elas são. Discordo. Não sei exatamente qual é esse sentimento (“se é amor, sei lá!), mas sei o meu lugar. Não estava lá no momento em que a Sandy trocou alianças (o que para mim, não importa – meu interesse não é nessa pessoa que come e dorme diariamente), mas estava quando as cortinas dos shows da dupla fecharam pela última vez. Cortinas essas que começavam a abrir em uma época que vovô João ainda dançava com Mariazinha e eu já estava presente ali, na plateia. Nessa época, Sandy tinha franjinha, Junior usava mullet e eu era somente uma criança de quatro anos sem a menor noção de como a vida era. O tempo passou e crescemos. Eles em Campinas, eu no Rio. Mesmo assim, crescemos juntos e eles fizeram parte da minha vida mesmo sem participar efetivamente dela. Me deram amigos, foram responsáveis por viagens e foram os responsáveis pela trilha sonora de muitos momentos.
Para mim, ser fã é isso. Se emocionar com as coisas mais simples, acumular as melhores lembranças e se arrepiar cada vez que está ali assistindo seu artista favorito no palco. Não tem nada a ver com aqueles desmaios quase que coreografados das seguidoras de Elvis Presley ou com os gritos entoados na Rádio Nacional; não é o comportamento que define e sim o sentimento.